domingo, 10 de abril de 2005

1º Salão de Arte Afro-Brasileira do RS



A PRESENÇA AFRO NA DIVERSIDADE ARTÍSTICA BRASILEIRA

O projeto Salão de Arte Afro-Brasileiro do RS foi idealizado e promovido, pela primeira vez em 2005, pela produtora cultural Patrícia Brito em parceria com a Associação Satélite Prontidão, entidade associativa e beneficente, fundada em Porto Alegre, no RS em 1902, por algumas famílias da comunidade negra com o propósito de abrigar a cultura negra e seus costumes.

De forma inédita, a proposta do Salão é realizar um mapeamento no segmento das artes visuais da influência e cultura afro na produção artística do Rio Grande do Sul e, propor um encontro com a diversidade étnica à luz da contemporaneidade. 

A mostra se consolidou no Estado, trazendo opiniões acerca do resgate da cultura negra e de uma dívida histórica, mas acima de tudo, serviu de base em consonância com a Lei 10.639/03. 

Por toda contribuição negra no país, é inegável sua presença constante na cultura, história e tradições africanas nos diversos tipos de manifestações artística no Brasil. As cores, os ritmos, os sons e a religiosidade negra por sua expressividade e proximidade cotidiana, acabam por influenciar de maneira muito significativa, não só o modo de vida dos brasileiros, mas servindo sempre de fonte de inspiração e criação para artistas em diversas áreas.   

A estética de influência negra celebra e identifica a profundidade de sua presença na cultura brasileira. A arte negra é resgatada no Rio Grande do Sul, acompanhada de um apanhado da memória cultural de nosso Estado na pesquisa histórica. Conectamos então, educação e cultura, tendo a arte como mediação.

De fato, essa miscigenação criativa que se intensifica no país a quase 500 anos, e que muitas vezes atua de forma inconsciente, mistura-se com manifestações culturais diversas sem o devido mapeamento.

"Entendo que o resgate da imagem da etnia negra brasileira através das diversas manifestações artísticas e culturais, valoriza tanto a etnia negra quanto todas as outras na construção e valorização de uma identidade diversificada." 

Artista homenageado: WILSON TIBERIO.




Wilson TibérioPintor e escultor. Porto Alegre, RS, 1923.
Começou a pintar aos 8 anos. Mais tarde, tornou-se aluno do artista italiano Cursi que o ensinou a manejar técnicas pictóricas. Neste meio tempo começou a esculpir. Em 1943 deixou o Brasil, como bolsista da Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro, após ter participado de três edições de salões de pintura. Falando diversos idiomas, inicialmente foi a Paris, depois viajou pela Itália e outros países da Europa e África. Com o passar do tempo, transformou-se num artista conceituado, participando de inúmeras exposições, inclusive em coletiva ao lado de Picasso, na Galerie Henry Tronchet, Paris, 1951. Em 1973, a crítica italiana Mara de Mercurio escreveu que “na tradição da grande pintura sul-americana de pós-guerra, Wilson Tibério, artista afro-brasileiro, apesar de estar há muitos anos na Europa, coloca-se numa dimensão muito precisa: é um artista de vanguarda, um pintor completo e um homem de seu tempo. As cores densas e pastosas impregnam e aumentam o sentido de todas as coisas.” Em Paris, onde reside, realizou diversas exposições individuais como as realizadas na Galeria Cecile B., em 1998 e 1999. Não consta nenhum registro de suas obras em museus ou instituições no Brasil e, em seu estado natal, é quase um desconhecido, sendo mais um desses casos de desanteção das pessoas que lidam com a questão  da memória no país. 
Fonte: Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul / Renato Rosa e Décio Presser – Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000.

Abertura do 1º Salão de Arte Afro-Brasileira do RS, Memorial do RS, abril de 2005.